sábado, 26 de março de 2011

Gente comum

No próximo dia 28, pelas 16.00 horas, no auditório desta escola a Drª Aurora Rodrigues virá falar com os jovens e todos os interessados sobre a sua experiência como presa política.

Este livro é provavelmente um dos relatos mais completos, autênticos e independentes sobre a situação dos prisioneiros, acusados por motivos que hoje nos parecem estranhos e até ridículos., como era estranho na maior parte da Europa Ocidental (a excepções eram Portugal, a Espanha e a  Grécia). Uma época em que, em Portugal, as pessoas poderiam ser presas por qualquer suspeita, denúncias anónimas (há sempre cobardes que gostam de denunciar alguém). Qualquer pessoa que demonstrasse ter um mínimo de ideias democráticas poderia estar sujeito à prisão sem culpa formada ou acusação específica, sem saber porquê,  à tortura de várias formas, à censura, à expulsão do emprego, ao fim dos estudos, a uma marca de suspeita para sempre ...

Para lá de muitos outros, havia temas que não era admitido serem postos em causa, como a natureza do regime ou a questão das colónias e as guerras coloniais. Recorde-se que desde 1961 Portugal , um país pobre e com cerca de 40% de analfabetos, tinha guerras em três frentes, apesar de ser condenado na ONU e noutros organismos internacionais: na Guiné, em Moçambique e Angola, sendo continuamente mobilizados jovens para combater nesses lugares. Ao longo dos treze anos de guerras foram mobilizados quase um milhão de militares, morreram alguns milhares, muitos ficaram afectados física e psicologicamente para toda a vida, outros emigraram, ficaram muitas famílias destroçadas.

Os presos políticos não foram apenas alguns mais conhecidos, não foram apenas heróis, mas gente comum, pessoas que, por quererem coisas simples foram indignamente afectadas, por torcionários que existiram (e alguns actuavam com prazer), que não se identificavam mas actuavam, escrevendo nos relatórios o que lhes convinha e convinha ao regime.

Coisas do passado? Que convém esquecer? Talvez a alguns!
Mas este este passado é recente, este país existe  e é fruto disto tudo, também da resistência e  do combate pela liberdade. As pessoas existem e continuam.

João Simas

quinta-feira, 24 de março de 2011

Influência do Desenvolvimento Social e Tecnológico na nossa Sexualidade



Na sociedade actual todos os elementos fundamentais (transportes, comunicações, indústria,…) dependem quase inteiramente da ciência e da tecnologia. A ciência permite-nos compreender o mundo e tenta, acima de tudo, controlar o que nos rodeia a até mesmo nós próprios. Como afirma Carl Sagan “não sendo um instrumento de conhecimento perfeito, é apenas o melhor que dispomos”; “A miséria humana que se pode evitar é quase sempre causada, não tanto pela estupidez, quanto pela ignorância, sobretudo a ignorância de nós mesmos”.
O desenvolvimento da sexualidade não está apenas relacionado com as influências da informação e impulso sexual, mas também com os sistemas sociais, económicos e culturais em que estamos inseridos.
A sexualidade continua a ser uma área de conhecimento científico em constante mutação e extremamente complexa, sendo vista e compreendida de acordo com os valores de cada um, variando de cultura para cultura, de ano para ano e até mesmo de pessoa para pessoa. No entanto, a sexualidade e a educação sexual sempre acompanharam o evoluir do Homem, uma vez que o ser humano é um ser sexuado e que precisa de se reproduzir para manter a espécie. Todos nós de uma forma mais ou menos directa, somos influenciados e influenciamos as atitudes de quem nos rodeia em relação à sexualidade, especificamente. Somos fortemente moldados pela sociedade e pela cultura em que estamos inseridos, pois os valores que iremos tomar, as direcções que iremos seguir são muitas das vezes influenciadas pelas nossas vivências até à data, pelo conhecimento em relação aos assuntos e tudo isto é-nos transmitido pela nossa família, principalmente em criança. Portanto, a mesma vivência sexual pode ter várias interpretações e avaliações consoante a cultura e a sociedade dos intervenientes.
É muito difícil analisar e interpretar cientificamente a sexualidade pois esta está intimamente relacionada com a religião e com a moral, ou seja, os valores sociais; as normas sociais acabam por determinar o que é correcto ou incorrecto em relação à sexualidade. Em vez de se tomar o conhecimento científico como fio condutor das nossas atitudes, neste contexto, o grande fio condutor é, sem dúvida, a religião, a moral, as crenças de cada um.
A sexualidade, apesar de estar extremamente relacionada com o sexo, abrange todas as manifestações sexuais, quer sejam processos biológicos da reprodução da espécie, aspectos psicológicos, sociais, culturais e éticos do comportamento humano.
Com o desenvolvimento social e tecnológico conseguiu-se alargar vastamente a nossa área de conhecimento em relação à sexualidade. Hoje, como exemplos deste desenvolvimento, temos o conhecimento da existência de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como a SIDA, o herpes, a gonorreia, etc., sabemos como podemos ficar contaminados, o que fazer para evitar o contágio, sabemos ainda a cura da grande maioria delas e consegue-se determinar com exactidão se estamos ou não contaminados, a criação de métodos contraceptivos extremamente eficazes. Mas estamos longe de conseguir encontrar a resposta para todas as questões relativas à sexualidade, apesar do desenvolvimento e de muitas das questões já terem uma resposta científica onde antes apenas existia o factor religião, algumas perguntas ficam ainda por responder.
O desenvolvimento social e tecnológico permitiu ainda o atenuamento de grandes preconceitos sociais em relação à sexualidade; como exemplos temos a masturbação e a homossexualidade hoje provados como atitudes perfeitamente normais na vida sexual dos indivíduos, mas que já foram tidos como absoluto pecado, como comportamentos perversos. Hoje sabe-se, devido a estudos realizados por Masters e Johnson em 1972, que tanto o homem como a mulher são regidos pelas mesmas leis fisiológicas, mais concretamente, ambos possuem desejo e prazer sexual; não apenas o homem como se julgou durante séculos.
Não nos podemos esquecer que o desenvolvimento tecnológico em relação à sexualidade apenas tem frutos nas relações humanas quando acompanhado por um desenvolvimento social, menos preconceituoso e com mais esclarecimento.

Inês Garção
12º CT1

Influência do Desenvolvimento Social e Tecnológico na nossa Sexualidade



Na sociedade actual todos os elementos fundamentais (transportes, comunicações, indústria,…) dependem quase inteiramente da ciência e da tecnologia. A ciência permite-nos compreender o mundo e tenta, acima de tudo, controlar o que nos rodeia a até mesmo nós próprios. Como afirma Carl Sagan “não sendo um instrumento de conhecimento perfeito, é apenas o melhor que dispomos”; “A miséria humana que se pode evitar é quase sempre causada, não tanto pela estupidez, quanto pela ignorância, sobretudo a ignorância de nós mesmos”.
O desenvolvimento da sexualidade não está apenas relacionado com as influências da informação e impulso sexual, mas também com os sistemas sociais, económicos e culturais em que estamos inseridos.
A sexualidade continua a ser uma área de conhecimento científico em constante mutação e extremamente complexa, sendo vista e compreendida de acordo com os valores de cada um, variando de cultura para cultura, de ano para ano e até mesmo de pessoa para pessoa. No entanto, a sexualidade e a educação sexual sempre acompanharam o evoluir do Homem, uma vez que o ser humano é um ser sexuado e que precisa de se reproduzir para manter a espécie. Todos nós de uma forma mais ou menos directa, somos influenciados e influenciamos as atitudes de quem nos rodeia em relação à sexualidade, especificamente. Somos fortemente moldados pela sociedade e pela cultura em que estamos inseridos, pois os valores que iremos tomar, as direcções que iremos seguir são muitas das vezes influenciadas pelas nossas vivências até à data, pelo conhecimento em relação aos assuntos e tudo isto é-nos transmitido pela nossa família, principalmente em criança. Portanto, a mesma vivência sexual pode ter várias interpretações e avaliações consoante a cultura e a sociedade dos intervenientes.
É muito difícil analisar e interpretar cientificamente a sexualidade pois esta está intimamente relacionada com a religião e com a moral, ou seja, os valores sociais; as normas sociais acabam por determinar o que é correcto ou incorrecto em relação à sexualidade. Em vez de se tomar o conhecimento científico como fio condutor das nossas atitudes, neste contexto, o grande fio condutor é, sem dúvida, a religião, a moral, as crenças de cada um.
A sexualidade, apesar de estar extremamente relacionada com o sexo, abrange todas as manifestações sexuais, quer sejam processos biológicos da reprodução da espécie, aspectos psicológicos, sociais, culturais e éticos do comportamento humano.
Com o desenvolvimento social e tecnológico conseguiu-se alargar vastamente a nossa área de conhecimento em relação à sexualidade. Hoje, como exemplos deste desenvolvimento, temos o conhecimento da existência de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como a SIDA, o herpes, a gonorreia, etc., sabemos como podemos ficar contaminados, o que fazer para evitar o contágio, sabemos ainda a cura da grande maioria delas e consegue-se determinar com exactidão se estamos ou não contaminados, a criação de métodos contraceptivos extremamente eficazes. Mas estamos longe de conseguir encontrar a resposta para todas as questões relativas à sexualidade, apesar do desenvolvimento e de muitas das questões já terem uma resposta científica onde antes apenas existia o factor religião, algumas perguntas ficam ainda por responder.
O desenvolvimento social e tecnológico permitiu ainda o atenuamento de grandes preconceitos sociais em relação à sexualidade; como exemplos temos a masturbação e a homossexualidade hoje provados como atitudes perfeitamente normais na vida sexual dos indivíduos, mas que já foram tidos como absoluto pecado, como comportamentos perversos. Hoje sabe-se, devido a estudos realizados por Masters e Johnson em 1972, que tanto o homem como a mulher são regidos pelas mesmas leis fisiológicas, mais concretamente, ambos possuem desejo e prazer sexual; não apenas o homem como se julgou durante séculos.
Não nos podemos esquecer que o desenvolvimento tecnológico em relação à sexualidade apenas tem frutos nas relações humanas quando acompanhado por um desenvolvimento social, menos preconceituoso e com mais esclarecimento.

Inês Garção
12º CT1

terça-feira, 22 de março de 2011

Liga portuguesa contra o cancro

“Apetece acreditar, ter esperança,confiar, amar a tudo e a todos”
António Gedeão

Nós, a turma de Biologia da professora Hortense Carreiro, realizámos uma visita à Oncologia e Unidade de Radioterapia do Hospital de Évora. Nesta visita, travámos conhecimento com algo que possivelmente era desconhecido para muitos de nós. O cancro é um assunto em voga, uma realidade das sociedades actuais, mas nada nos impede de pensar que o pior está sempre reservado aos outros. Talvez isso aconteça porque nunca antes tenha sido possível conhecer o dia-a-dia de um doente neoplásico, pois esta realidade está, muitas das vezes, reservada ao próprio doente e familiares próximos que vivem os tratamentos e a gravidade da doença em primeira mão.
Temos a agradecer a paciência às técnicas da Unidade de Radioterapia e da Física que partilharam um pouco dos seus conhecimentos, talvez na esperança de nos aliciar para o nosso futuro; àÀ enfermeiras da Oncologia que nos deram a conhecer os recantos reservados só àqueles que partilham as suas vivências nos corredores de um hospital; às voluntárias da liga, que pela comemoração do seu 70º aniversário nos proporcionaram um “abrir de olhos”; à existência do próprio Hospital e à Unidade de Radioterapia que, apesar de sub-lotada, torna mais fácil acreditar na possibilidade de sobrevivência.
Aquilo que nos foi mostrado: o corropio de técnicas extremosas, de médicos atarefados, de exames complexos, de tecnologias de ponta… Tudo isso contribuiu para que nós, alunos de 12º ano, que na sua “inocência” se mantinham à margem, nos apercebêssemos o que realmente é o cancro.
A visão de algo tão grave ali tão perto e da boa disposição de quem partilha o seu dia com algo tão sério, marcou-nos. Deixámos o hospital talvez com uma nova ideia de futuro, e certamente com uma perspectiva bastante mais positiva da nossa própria realidade.
E com tudo isso podemos concluir que sim, a ciência é necessária e sem ela não seria possível diagnosticar e tratar estes doentes. Mas além do tratamento físico é necessário tratar o espírito. E são as voluntárias da Liga que alimentam a esperança e a capacidade de recorrer à ciência a cada novo dia, para que os objectivos sejam atingidos.



12º - turma de Biologia

domingo, 20 de março de 2011

Assassino Nato.


Assassino Nato.

"Sonhar com alguém significa que esse alguém tem saudades nossas"
"A psicologia é capaz de ser a ciência mais incerta de todas."

Porque me criam tanta escuridão?
Como é o remorso causa de traição?
Porque mato tanto sem ter razão?
Para quê mais uma dor de coração?

Como é que ainda vive tanta boa gente,
Se tanto se matam desnecessariamente?
Eu não preciso de mais dores, para que
O meu coração-caleidoscópio não aguente...

As teclas pretas parecem-me vazias...
As brancas atraiçoam-me a cada toque.
O etéreo é das minhas a maior mania,
A outra: eu mato por Amor à Arte.

Se tudo fosse tudo e tudo acabou,
Tudo podia ser tudo se tudo fosse diferente...
É mais outro daqueles que canto
Em que os teus olhos me não abandonam.

Vou perder o controlo outra vez,
Entrar em estado de insânia,
Morrer por dentro, matar por fora.
A Arte que sobrevive é eterna.

Porque vislumbro tanta desilusão?
Como é a fé causa de perdição?
Porque mato tanto sem ter razão?
Para quê mais mais uma dor de coração?

A escuridão preenche-me o coração.
Perversidade dos Pensamentos. Loucura da Maldade. Ódio do Coração.
Ódio que uma vez expelido se torna em nuvens negras num céu claro.

Tiago Clariano 12.º LH1

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“Então eu pensei... N’A Mente.”

Um campo de flores de papel escrevinhadas,
Por debaixo de nuvens doces que assobiam,
Que mancham os meus libidinosos céus roxos.

Fujo do mundo e acredito em mim,
É para aqui que fujo e me escondo,
Aqui onde posso dormir e sonhar.

Há uma cruz enorme num monte.
Os anjos descem dos céus ao longe.

Um fio dourado é o fluir do rio das ideias,
Palavras, sentenças e parágrafos lá nadam.
O fundo é azul marinho, desprovido de pressas.

As minhas emoções são puras simplicidades...
De um lado pretas, do outro brancas, sem meios.
Nunca aprendi a Amar. Nunca aprendi a odiar.

O ambiente é, na verdade, pesado.
É o meu Paraíso e o meu Paraíso é violento.

São gritos engolidos pelo sofrimento!
O incessante medo das noites mortíferas,
Oh, como eu espero pelo onírico profundo!

Amor e Arte, Evolução e Cultura.
Quero a minha Nova Religião,
A Mente.

“Eu acredito no Bem Maior.
Eu quero uma Vida Melhor.”

terça-feira, 15 de março de 2011

Sessão Regional do Parlamento dos Jovens

Os deputados eleitos da Escola Secundária de Severim de Faria representaram esta escola com grande dignidade e capacidade de argumentação, mantendo sempre uma postura de respeito pelas opiniões de cada um, demonstrando que existe uma geração que defende ideias fundamentadas e preocupada com o futuro deste país.

ver mais fotografias em (clicar)
Biblioteca Severim de Faria

segunda-feira, 14 de março de 2011

Proposta para a sessão Regional do Parlamento dos Jovens

 Amanhã, dia 15 de Março, realiza-se a sessão regional do Parlamento dos Jovens. As propostas dos jovens deputados desta escola são estas.

Projecto de Recomendação:

Exposição de motivos

A Educação é um direito ao qual toda a população deve ter acesso, sem discriminação racial, sexual, física ou económica. No entanto, pensamos que ao longo do tempo alguns aspectos do ensino obrigatório e gratuito têm sido esquecidos.
Para contrariar esta tendência, estamos preocupados em anular as grandes diferenças existentes, tentando contribuir para uma Educação igualitária, autêntica e gratuita (de acordo com os princípios da Constituição da República Portuguesa).
Em nosso entender, apesar das melhorias significativas implementadas ao longo dos anos, o sistema de educação português continua a ter alguns lapsos que consideramos poderem ser colmatados. O debate sobre o sistema educativo não deve ser menosprezado, uma vez que dele dependem a construção de uma sociedade instruída e consequentemente consciente das suas decisões democráticas.
A formação dos jovens deve passar não só pela sua aquisição de conhecimentos teóricos, mas também pela aposta na inserção do aluno no mercado de trabalho.
Parece-nos essencial que haja uma troca de conhecimentos técnicos e culturais entre os jovens quadros das comunidades falantes de Língua Portuguesa. Pensamos que o futuro da Educação deve passar pela comunicação entre as várias comunidades, a fim de complementar as várias metodologias de trabalho e promover uma integração mais fácil dos jovens recém-licenciados.
É necessário ter também em conta a situação económica que se vive actualmente, utilizando os recursos à disposição para o que tem mais interesse para o país. Se por um lado esta eficiente aplicação de recursos leva a uma melhor qualidade de ensino, por outro deve levar a uma racionalização de fundos utilizados. Cremo que poderia haver uma melhor articulação entre as necessidades das empresas e instituições com os futuros profissionais.

Medidas propostas

1. Criação de um Banco de Livros, para o ensino Básico e Secundário, iniciando no primeiro ciclo, implementando uma educação mais ecológica, cívica e acessível para a população.
2. Criação de um programa de estágios, à semelhança do programa Erasmus, para o primeiro emprego, nas comunidades lusófonas (Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, etc.).
3. Regulação das vagas do Ensino Superior mediante as necessidades do mercado de trabalho e os interesses estratégicos do país.

domingo, 13 de março de 2011

Como evolui o conhecimento científico em relação à reprodução humana


Como evolui o conhecimento científico em relação à reprodução humana

Os conhecimentos que actualmente possuímos acerca dos processos reprodutivos são recentes, se considerarmos a história da humanidade.
Ao longo do tempo muitas foram as teorias que surgiram com o objectivo de explicar como ocorria a reprodução humana.
Hipócrates (460-377 a. C.) considerava que um novo ser era formado pela junção de sémen do homem e “matéria inerte” da mulher. Através de forças sobrenaturais surgia um feto que se alimentava da matéria inerte da fêmea, por exemplo, o sangue menstrual, sendo assim explicada a ausência de menstruação nas mulheres grávidas.
Aristóteles (384-322 a. C) defendia a mesma tese que Hipócrates mas acrescentava que o “espírito” do embrião tinha origem apenas no esperma masculino. Aristóteles também observou que o embrião (com forma amorfa) se formava progressivamente originando um ser complexo e diferenciado, através de um processo que denominou epigénese. No entanto, Aristóteles também observou que o coração se formava muito cedo no desenvolvimento embrionário. Assim sendo, propôs a teoria do pré-formismo: o animal (ou alguns dos seus órgãos) é pré-formado no início do desenvolvimento e limita-se a crescer, o coração formar-se-ia completamente no início do desenvolvimento e apenas aumentava de tamanho.
O desenvolvimento científico e tecnológico, que se ficou a dever em grande parte ao aparecimento do microscópio em 1590, permitiu observar com maior detalhe embriões e, desta forma, foi possível considerar outras hipóteses para explicar o processo reprodutivo.
Uma das teorias que surgiu foi a teoria ovista que defendia que o ser humano se encontrava em miniatura no óvulo, dentro do corpo da mulher. Esta teoria enfatizava o papel do sistema reprodutor feminino na reprodução. Os ovistas consideravam que o papel do espermatozóide estaria restrito à activação do óvulo feminino.
Com a primeira observação microscópica de espermatozóides no esperma humano tiveram início os debates acerca da sua função, embora os cientistas não os tenham considerado agentes que proporcionavam a concepção do novo ser vivo. No entanto, esta descoberta foi a base de uma nova teoria que contrapunha a previamente descrita.
Os animaculistas acreditavam que o embrião se encontrava miniaturizado no interior dos espermatozóides, aos quais chamavam “animáculos” (viam os espermatozóides como uma espécie de vermes). De acordo com esta teoria, a reprodução estava centrada no papel activo do homem, a função da mulher era, apenas, o fornecimento do “ninho” e do alimento necessário ao desenvolvimento do animáculo. Mesmo entre os animaculistas não havia consenso, uns acreditavam que o animáculo, quando no corpo feminino, se fixava numa matriz própria para o efeito não tendo qualquer importância o gâmeta feminino, outros defendiam que o animáculo subia pelas Trompas de Falópio até ao ovário, penetrava no “ovo e causava a sua queda”.
Não obstante, as críticas a esta teoria foram surgindo, como, por exemplo, as seguintes:
·         Considerava-se que Deus era o responsável pela reprodução humana. Assim se cada animáculo era uma pessoa, e como nem todos originavam novos seres, Deus eliminava muitas vidas. Este era um cenário impensável para as sociedades da época;
·         De Graaf descobriu o “ovo de mamífero”, que na verdade são os folículos (folículos de Graaf), não encontrando evidências de pré-formação nos seus estudos em embriões de coelho;
·         Os espermatozóides eram comparados a vermes. Como estes eram vistos como seres inferiores, esta teoria não era bem vista pela comunidade científica.
Estas contradições permitiram que a teoria ovista ganhasse força. No entanto, as evidências de que não existia pré-formação eram cada vez maiores.
Com o aparecimento da teoria celular, a hipótese da dupla semente, que já tinha sido proposta anteriormente, ganhou maior credibilidade. Esta teoria conciliava ambas as teses e concedia igual importância aos gâmetas feminino e masculino.
Segundo Descartes (1596-1650) a reprodução é o resultado da mistura das sementes feminina e masculina que “entram em processo de fermentação” através do aquecimento:
“A semente… dos animais, sendo muito fluida é normalmente produzida pela conjunção dos dois sexos; parece ser apenas uma mélange de dois licores que, servindo para fermentar-se entre si, são de tal forma aquecidos que parte de suas partículas, adquirindo a mesma agitação que ocorre no fogo, são separadas e pressionam outros e desta forma os dispõem gradativamente com as formas necessárias para formar partes do corpo”.
Descartes defendia, pois, que a concepção do novo ser é o resultado de uma reacção entre duas substâncias diferentes. Por acção do calor formam-se os futuros órgãos que, a partir de um fluido consistente, se tornam estáveis e firmes através de um processo de endurecimento e de formação de fibras.
Maupertuis (1698-1759) considerava que tanto o “sémen feminino como o masculino” continham todos os diferentes tipos de partículas que compõem os órgãos e, portanto, a concepção resultava de uma adição de partículas semelhantes.
O avanço científico e tecnológico tem possibilitado uma nova realidade.
A primeira inseminação artificial foi realizada em 1790 e, em 1978, nasceu o primeiro bebé gerado por fertilização in vitro. Actualmente é possível aplicar várias técnicas de reprodução assistida que possibilitam que os casais inférteis também se reproduzam. Todos estes progressos científicos devem ser vistos com enorme sentido de responsabilidade, para que os princípios éticos e científicos sejam respeitados e para que não se percam a sensibilidade e emoção que devem pautar o surgimento de uma nova vida.
Inês Fialho – 12ºCT1

Prémio Camões 2023

Professor Universitário, ensaísta e tradutor,  João Barrento   é o vencedor da 35.ª edição do Prémio Camões, pelo conjunto da obra. De aco...