quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A televisão como meio cultural e anti-cultural

Um tema, um raciocínio, argumentos... é preciso escrever, é preciso saber argumentar!



A televisão é, nos dias de hoje, o mais rodado meio de comunicação, apresentando duas funções que se implicam mutuamente. A primeira função é uma função cultural ou informativa e a segunda advém da primeira e apresenta um efeito contrário.
Primeiramente, e dependendo dos canais ou programas a que assistimos (e mesmo esses têm a sua qualidade), a televisão pode servir como um meio informativo e cultivador, sendo esta informação referente ao presente, passado ou futuro (tendo a televisão programas como telejornais, biografias ou documentários).
Por outro lado a televisão transmite também programas de baixa qualidade que atraem em grande escala as massas mas, que, de forma alguma têm a função primeira que referi, sendo estes os que apresentam a segunda função que não passa de prender espectadores ao ecrã, fazendo-os, simplesmente, perder tempo.
Assim, atesto que a televisão pode formar a cultura das pessoas ou anulá-la, dependendo daquilo a que cada um de nós assiste e como usa (ou se usa) a cultura adquirida em situações do quotidiano.

Tiago Clariano
12º LH1 N.º 26

A nova escola


Mais uma opinião sobre a nova escola:

      A minha nova escola é impressionante, porque é muito grande, tem uma biblioteca enorme, e ainda tem corredores estreitos, mas que dão perfeitamente para andar à vontade…
    O pátio, lá fora, também é espaçoso.
    Embora a escola esteja em obras, tenho a certeza que irá ser perfeita… enfim, o que eu acho da escola, é tudo de bom.
    Além das boas condições, esta escola tem excelentes professores, uma cantina ideal para comermos à vontade, e eu adoro a comida… Claro!
    E o que espero este ano é ter boas notas, e que esta escola, que se chama “ Escola Secundária Severim de Faria”, tenha muito sucesso, quanto às obras e tudo mais.


Beatriz Dias, 7ºA

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Aventura do literário




Na turma LH1 do 10º ano, doze alunos iniciaram este ano lectivo a aventura do literário. Fazem-no com entusiasmo, na disciplina (opcional) de Literatura Portuguesa. Alguns ainda timidamente, outros já com mais confiança, discutem valores estéticos, questões ligadas à subjectividade, à conotação…Saboreiam as palavras, tacteiam-nas, experimentam-nas.
A aula é, simultaneamente, espaço de partilha de saberes e de aquisição de competências enquanto leitor e aprendiz da escrita. Os alunos vão ganhando asas para voos que se querem ousados, mas também responsáveis. Um terço dos tempos lectivos é dedicado ao P.I.L. (Projecto Individual de Leitura) no qual o estudante trabalha um conjunto de obras de prosa, poesia e drama, das quais dará conta ao professor e aos colegas no Fórum de Leitores mensal e também através de um Portfolio, que irá enriquecendo ao longo do ano lectivo.
Nas primeiras aulas foi feita a sensibilização para as diferenças entre o Texto Literário e o Não Literário, com vista a aclarar a especificidade do primeiro.
Depois de termos exemplificado as respectivas diferenças em dois textos com o mesmo referente (Trás-os-Montes), confrontando um artigo de uma enciclopédia com um texto de Miguel Torga retirado da obra Portugal, que a seguir se transcrevem, foi solicitado aos alunos que escolhessem uma província do nosso país e que criassem um texto não literário e outro literário sobre a mesma. Seguem-se três exemplos dos trabalhos apresentados. Parabéns aos alunos.
Professora Ana Paula Ferrão




TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO (Texto Não Literário)
         Província que ocupa, com o Minho, o extremo Norte do País e está compreendida entre 40º 55’ e 41º 59’ de Lat N e 1º 3’ e 2º 58’ de Long O de Lisboa. Para uma área de 11.832 km2, tinha 589 884 hab., segundo o censo de 15-XII-1950. Compõe-se de 31 conc., com 640 freg.
            As condições naturais do território a norte do Douro determinaram consequências especiais do ponto de vista humano. Os povos viviam separados da Meseta central pelo curso do Douro, fosso difícil de transpor, ao passo que da banda do mar a barreira de montanhas alterosas – Marão, Barroso, Padrela –, alinhadas de Norte a Sul, estorvava a marcha, tanto para o Ocidente como para o Oriente, do mesmo modo embaraçada por alinhamentos de serranias separadas por vales fundos, de custoso acesso. Por tal motivo, através dos tempos esses povoados viveram isolados, mal contactando com o exterior, mantidos com os curtos recursos da terra, bravia na forma e constituição, aspérrima no clima. Reportando-se ao viver transmontano em época proto-histórica, diz Ezequiel de Campos: «As terras para lá do Marão, estiveram quase ensimesmadas, com suas vilas e aldeias de casas amontoadas, os campos e as vinhas nos vales e nas encostas de em torno: e o resto a selva, nos maninhos largos até à povoação imediata». Terra de pequenas povoações dispersas, e de poucos castelos medievais, como que a dispensar-se de protecção artificial, por se ver defendida pela própria natureza, Trás-os-Montes ficou fora de intensa influência directa do Romano, porque o Douro, de navegação e passagem difíceis, lhe estorvou o acesso.
in volume 32 da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira



UM REINO MARAVILHOSO – TRÁS-OS-MONTES (Texto Literário)
         Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso.
            Embora haja muita gente que diz que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite.
            O que agora vou descrever, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que um ser humano pode imaginar. Senão reparem:
            Fica ele no alto de Portugal, como os ninhos ficam no alto das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. Quem o namora cá de baixo, se realmente é rapaz e gosta de ninhos, depois de trepar e atingir a crista do sonho contempla a própria bem-aventurança.
            Vê-se primeiro um mar de pedra. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus genesíaco. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente rasga a crosta do silêncio uma voz atroadora:
            ─ Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
            Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
            Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena:
            ─ Entre!
            A gente entra e já está no Reino Maravilhoso.
Miguel Torga, in Portugal






Trás-os-Montes (Não Literário)
Situado no Norte de Portugal, é constituído por vários concelhos. As paisagens são, maioritariamente, culturas de vinhas nas encostas montanhosas. Não são visíveis planícies, sendo o território constituído apenas por encostas escarpadas e vales que acabam nas margens do rio Douro. Os Invernos são frios e chuvosos, chegando a cair neve. Pelo contrário, os Verões são quentes e secos de dia, frios e húmidos de noite.

Trás-os-Montes: vistas ímpares (Literário)
Quem viaje pelo Norte do país, será surpreendido com as magníficas e marcantes paisagens, que nos acolhem num mundo próprio e fechado entre montanhas e vales. Tudo tão verde, como se mil pintores tivessem pincelado a zona, transformando-a em lindas vistas, espelhadas pelo Douro cristalino.
E tão bem que somos recebidos pela população não indiferente à nossa presença. Seremos como familiares que há muito não vêem. Olham-nos curiosamente. Tantas histórias trocadas num ambiente tão bom, tão agradável, tão quente…
Sem nos darmos conta, Trás-os-Montes já nos levou metade do coração.
Nº 17, Joana Cidades




Alentejo (Não Literário)
Província situada a sul do Tejo que compreende, integralmente, os distritos de Portalegre, Évora e Beja.

O Alentejo (Literário)
Quente, seco, campestre… Terra-mãe das candeias e cantares, que nos transmitem uma imagem típica e harmoniosa da vida no Sul do país.
            Quantas memórias guardo da saudosa comida da avó… Do avô sentado à sombra, sempre com aquele palito na boca…“ – Foi para deixar o tabaco.” – dizia ele. Das anedotas, das cantigas que cantava e partilhava comigo! Desse seu, meu Alentejo.
            E de tantos outros que um dia O cantaram e amaram, que perderam, que ganharam… que viveram e que morreram!
            Gente simples, rude, amiga, trabalhadora… capaz de rir… de si!
            Alentejo onde nasci e cresci… onde estou e ficarei… até quando? Não sei… Mas sei que, dê as voltas que der, e aquelas que o destino quiser, comigo levarei as tuas memórias, a tua história…
            E com orgulho e saudade de ti falarei… Alentejo.
Nº 15, Inês Catrapona






Algarve (Não Literário)
O Algarve é a província mais a sul de Portugal e é onde grande parte dos portugueses passa as suas férias.

Algarve (Literário)
No fundo da Europa, o Algarve é o vizinho mais chegado a África: é uma porta para dois mundos, um paraíso para alguém.
Nº 13, Francisco Godinho

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Os alunos escrevem sobre a escola


A minha nova escola


    Estive na escola da Malagueira seis anos. Ao principio gostei, mas à medida que o tempo ia passando, cada vez ouvia falar melhor da Severim. A partir daí só desejava que chegasse o sétimo ano para poder ir para lá. Toda a gente que lá andava, dizia que era uma escola boa, com bons professores e gente divertida. Agora que aqui cheguei, acho a escola um pouco confusa, diferindo totalmente da minha antiga escola.
    A minha opinião sobre os professores é boa. Acho que são exigentes, não deixando de ser simpáticos e engraçados. Gosto muito de cá estar, tenho cá imensa gente com quem me dou super bem. Não me incomoda que a escola ainda não esteja pronta.
   E isto que eu acho da escola. Espero permanecer cá mais anos!              

Leonor Jaleco, 7º A                                                             

A Res Publica, a Escola, a Biblioteca e o processo de Requalificação. (2)

Alguns minutos antes da inauguração oficial.
Às 13.oo horas do dia cinco de Outubro
Uma hora antes da inauguração (dia cinco de Outubro)
Na semana passada

Obras dão inúmeros problemas. Obras numa escola, que é como uma pequena cidade, alteram a vida de centenas ou milhares de pessoas.

Voltemos à biblioteca. A primeira opção, recomendada, era fechar por uns tempos, um ano pelo menos. A outra, a que preferimos, foi acompanhar o andamento da escola. O que implicou encaixotar milhares de livros, DVDs, computadores, cassetes …, seleccionar de acordo com os novos espaços, montar novas redes, remontar o mobiliário, acompanhar o ritmo das obras, com os imprevistos, as compreensões, as incompreensões. Nada de cumprir calendarizações e horários previstos, porque estavam sempre a mudar. Nada de respeitar ritmos normais, mas até usar sábados e feriados em trabalho que não se vê mas aparece feito sem grandes alardes, num quase anonimato que preservamos. Mudámos duas vezes para diferentes espaços

Trabalhou muita gente nisto, de várias formações e nacionalidades. Gente que transportava caixotes e computadores como se fossem tijolos, mas que, alguns até sem falarem português, perceberam, depois de algum diálogo, que havia que fazer as coisas com mais cuidado. Por exemplo, em Dezembro, e sem que se notasse quase a falta dos serviços, andaram, além de professores e funcionários da escola, trabalhadores de Angola, do Paquistão ou da Índia; como na véspera ou até no dia da inauguração oficial, outros da Guiné Bissau, de Cabo Verde ou do Brasil. Uma hora antes da biblioteca parecer apresentável lá andavam cinco homens a carregar caixotes e alguém mais a acompanhá-los num dia feriado. Como na véspera e noutros dias se andou até às tantas com pessoas que muitos não imaginam que lá andassem. Porque não se trata de horários mas de tarefas e objectivos e contribuir para um bem público. Houve tantos e pequenos problemas que se tinham que resolver na hora, mesmo tomar decisões que poderiam não ser as melhores mas que tinham que ser tomadas. As indefinições e esperas têm sido muitas. As novas estantes vieram na quinta-feira passada e só acabaram de ser montadas na sexta, a um dia útil antes da inauguração, o que levou a que se tivesse que tirar e desmontar a mobília que lá estava a retirar livros e outros materiais de caixotes que estiveram em vários locais e misturados com tantas coisas, ao mesmo tempo que ainda se pintavam paredes e em que todos os funcionários estavam mobilizados para muitas rearrumações, ao mesmo tempo que vinham camionetas a trazer novo material, mas muito parecido com o de outras salas, ao mesmo tempo que andavam dezenas de outros trabalhadores a tratar dos renovados espaços verdes, da mudança de estaleiro, de pequenos e múltiplos problemas, engenheiros, arquitectos, encarregados por todo o lado.

Ao contrário de muitas obras, e esta não foi pequena, não houve derrapagem de custos. É de saber, que nesta, além da Parque Escolar, a empresa pública que dirigiu a obra, esta foi entregue, por concurso a um consórcio de empresas, após aprovados projectos de arquitectura e engenharia …, uma outra empresa fiscalizava as obras, o mobiliário e outros equipamentos foram e são fornecidos por outras empresas … um mundo de gente que não seria fácil pôr num organigrama, … além do diálogo e as aprovações imprescindíveis da Câmara Municipal, de vários organismos de ministérios etc., etc., da participação imprescindível da escola, que alterou completamente os ritmos e que pôs os nervos em franja a tanta gente… Um ritmo que levou a que alguns acordassem a sonhar com tijolos, caixotes, máquinas em movimento, ritmos a várias cores.

A inauguração fez-se. Mas não está tudo acabado. Vamos recomeçar outra etapa

E na biblioteca? Trabalhamos, continuamos, ainda falta muita coisa. Mas vamos abrir na próxima semana, mesmo sem o projecto que estava previsto no início, mesmo sem os novos computadores que hão-de vir e tendo em conta que o espaço da escola é maior do que era antes e as pessoas são as mesmas ou menos ainda. Contamos com o civismo dos alunos, que já deram provas ao longo de anos e com a participação de todos que vão continuar a usufruir de bens que são de todos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Res Publica, a Escola, a Biblioteca e o processo de Requalificação (1).


A Res Publica pertence a todos os cidadãos. A Res (a coisa, o bem) Publica (pública, de todos) é de todos os que aqui vivem, aqui viveram em algum momento, breve ou longo, marcante da sua vida. A Res Publica não é de um regime político, não é de um governo, não é de alguém que manda transitoriamente. É de todos os cidadãos que exigem, que participam, que usufruem, que contribuem, que têm direitos, deveres e liberdades, de que não prescindem, de que não abdicam; e que, por serem cidadãos, não se limitam às palavras fáceis de pronunciar, mas participam na construção de um bem comum, com todos os defeitos que qualquer ser humano pode ter ao agir. Para haver diálogo têm que ser pelo menos dois a falar e a agir. Quando alguém se demite de usar os seus direitos mais dificuldade terá em pronunciar-se.

Esta escola entrou num processo profundo de transformação. Um dos objectivos é requalificá-la a pensar não apenas no momento presente, não apenas nos remédios urgentes (que geralmente saem mais caros), mas nas próximas décadas, num país que deseja e necessita de se qualificar, que não se pode contentar com o miserabilismo de outros tempos, embora tenha que contar com os recursos próprios e adequados. O que significa também que não pode perder desnecessariamente capitais da União Europeia, para a qual contribuímos, porque aquilo que nos pertence, se não for investido a pensar num futuro melhor, há-de ser gasto por outros que o aproveitarão de outro modo.

Uma escola desta dimensão tem que ser encarada quase como uma pequena cidade. Uma cidade com muitas diferentes pessoas, com muitas funções. Uma escola desta dimensão, envolve mais de mil pessoas no momento, com alunos de diversas idades, de diferentes cursos, com professores de inúmeras especialidades e formações, funcionários com uma diversidade de papéis, pais e encarregados de educação de diferentes formações, desejos e participações diversas e inseridos numa cidade e região multifacetada, num país e num mercado de trabalho com uma extensão que ultrapassa as fronteiras de outros tempos; aqueles que estudam aqui e agora, poderão daqui a algum tempo continuara a estudar em lugares diferentes, no país ou fora dele, a trabalhar em qualquer parte do mundo. A escola, por definição deve ajudar a preparar esses futuros. Toda a intervenção mexe com isto tudo e se esta intervenção não for apropriada pelos que aqui vivem, como um bem de todos, como um património colectivo, dificilmente os que aqui estão e os próximos que hão-de chegar utilizarão esta casa como sua.
Um dos problemas, que é de todos, é que uma escola tem que ser vivida como a própria casa de todos e cada um. Afinal é aqui que a maioria vive a maior parte das horas do dia a dia.
(continua)
O coordenador da biblioteca

Há palavras que nos tocam...

“Olá” palavras…

  Olá, chamo-me Inês e tu?
“Olá”, palavra pequena, somente três letrinhas que abrem portas e tanto…
 Com um “Olá” conhecemos leais amigos e grandes paixões. Um simples “Olá” está presente cada dia da nossa vida. E é tão bom quando vem adocicado com um sorriso!
Mais uma razão para ser esta a melhor palavra? “Olá” é bem melhor que “Adeus”…

Inês Ventura,   11ºCT2

Prémio Camões 2023

Professor Universitário, ensaísta e tradutor,  João Barrento   é o vencedor da 35.ª edição do Prémio Camões, pelo conjunto da obra. De aco...