Professor Universitário, ensaísta e tradutor, João Barrento é o vencedor da 35.ª edição do Prémio Camões, pelo conjunto da obra.
De acordo com o anúncio de hoje, 10
de outubro de 2023, do Ministério português da Cultura:
“João Barrento foi
reconhecido pelo júri como autor de uma obra relevante e singular em que
avultam o ensaio e a tradução literária. Em particular, as suas traduções de
literatura de língua alemã, que vão da idade média à época contemporânea, e em
todos os géneros literários, formam o mais consistente corpo de traduções
literárias do nosso património cultural e constituem indubitavelmente um meio
de enriquecimento da língua e de difusão em português das grandes obras da
literatura mundial” (lê-se no comunicado, que cita o júri).
Segundo a Agência Lusa, para o ministro português
da Cultura, Pedro Adão e Silva, o ensaísta, tradutor e crítico literário João
Barrento, de 83 anos, é “um dos pensadores mais acutilantes da arte e da
cultura em Portugal”.
Cronista e professor
universitário, João Barrento, nasceu a 26 de abril de 1940 em Alter do Chão. Licenciou-se
em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e
publicou diversos livros de ensaio, crítica literária e crónica.
In: https://www.lusa.pt/article/41651753/jo%C3%A3o-barrento-vence-pr%C3%A9mio-cam%C3%B5es-2023
Aparas dos Dias. A Escrita na Ponta do Lápis
"Este é o meu livro de leitura, de leituras, de colheitas, de respostas aos apelos de outros livros e a chamadas que sempre foram chegando, e continuam a chegar.
Legere = ler, colher, apanhar…. o que foi caindo dia a dia no papel, ainda na máquina de escrever, no computador, nos cadernos das intervenções públicas… Dessa massa se faz o pão deste livro múltiplo. O seu ritmo é o dos dias: desiguais e acidentados, com altos e baixos, estradas longas e pequenos atalhos e desvios. Breves iluminações e troços de respiração mais ampla. Espelho de interesses, de obsessões, de paixões que os anos só vêm confirmar e consolidar…" João Barrento
Excerto
A roda de leitura
"Por vezes sonho o sonho do fim da avalancha de livros que semana a semana me submerge. Sonho com o dia em que pudesse ficar apenas com uma ou duas dúzias de livros, não para me retirar para a conhecida ilha deserta, mas para poder dizer, como o Poeta (aquele que assim trato é Hölderlin): «uma vez / como os deuses terei vivido. E mais não é preciso». E afinal, ele aqui está, esse leitor feliz e intenso, não o leitor interactivo de hoje, mas o iterativo, moderadamente assediado pela letra impressa na roda de leitura… O eterno retorno dos livros que vale a pena ler. A biblioteca giratória e eternamente igual a si mesma. O panteão dos melhores, com a garantia de que um livro seria lido, relido, absorvido e pensado até à exaustão (coisa que raramente se faz). Exaustão do seu manancial de beleza e pensamento, exaustão de mente e corpo de um leitor-oleiro que passa o tempo a carregar no pedal que faz avançar a roda…"
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