

A exaltação do Alentejo enquanto objecto amado do sujeito poético acontece no poema «Alentejo», inserto no Diário XII:
Sousel, 20 de Outubro de 1974
Alentejo
A luz que te ilumina,
Terra da cor dos olhos de quem olha!
A paz que se adivinha
Na tua solidão
Que nenhuma mesquinha
Condição
Pode compreender e povoar!
O mistério da tua imensidão
Onde o tempo caminha
Sem chegar!...
(Miguel Torga)
A interpenetração entre sujeito poético e Alentejo é expressa através da metáfora «Terra da cor dos olhos de quem olha!», a fazer lembrar os versos de Camões «Transforma-se o amador na cousa amada, /por virtude do muito imaginar.» e ainda os de Nuno Júdice « a rosa nem branca nem vermelha, a rosa pálida, / vestida com a substância da terra:/ a que toma a cor dos olhos de quem a fixa…»
Admirável na sua dignidade, o Alentejo permanece misterioso e desejável.
Ana Paula Ferrão
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