terça-feira, 4 de novembro de 2008


(Re) Descobrir Évora

Percursos e histórias da História.

Guia: Professor Manuel Branco

Público alvo: alunos, professores, turistas…

Organização: Escola Secundária Severim de Faria e Departamento de Física da Universidade de Évora

Data do 1º passeio: 22 de Outubro de 2008

A História foi varrendo o Largo da Graça, largo que nem sempre (possivelmente) o terá sido. Aquilo que se vê hoje foi, ao longo dos séculos, fruto de criações e recriações, pela mão sempre sonhadora e inovadora do Homem. Se de início existia apenas uma pequena igreja de culto público, com a fundação (em 1512) do Convento da Ordem de Santo Agostinho, os frades foram adquirindo casas de particulares, apropriando-se do actual quarteirão, e estendendo o pequeno mosteiro até este ser um grande convento, completo em 1546.

Deste conjunto (Igreja e actual Messe dos Oficiais), apenas a fachada da Igreja foi classificada como Monumento Nacional. Esta fachada quase profana foi, ao longo dos anos, palco para a criação de lendas à volta dos “meninos da Graça” que de graciosidade pouco têm. Representarão os 4 cantos do Mundo? Descerão do topo para passearem pela cidade na 1ª noite de lua cheia de Agosto, como reza a voz popular?

À parte a voz popular, certo é que a fachada é quase um cenário de teatro, devido àqueles seres misteriosos e a outros elementos desarticulados que por lá parecem ter sido colados ao acaso. No entanto, “este critério de não ter critério”, esta teatralidade tem um nome bem preciso: Maneirismo. E, ainda, algumas inovações, como a existência de dois frontões na mesma fachada, as duas pequenas colunas a ladear a janela central, o avanço do coro alto no alpendre.

O interior da igreja é uma nave única, ampla, destacando-se, no altar, as janelas de mármore quase alabastro e os motivos geométricos. Outros elementos que ali pertenceram, fazem agora História noutros locais da cidade, como o altar (agora em S. Francisco) e o túmulo de D. Afonso de Portugal (no Museu de Évora).

Completamente distinta da Graça, é a Igreja da Misericórdia, um monumento dedicado a obras de misericórdia, facto visível nas histórias dos seus azulejos e pinturas.

Logo à entrada (do lado esquerdo, entrada naquele tempo destinada aos homens), no quadro de azulejos, as histórias de S. Paulo e S. Antão. O primeiro, inimigo da fé até bem tarde, converteu-se já velho ao Cristianismo. A mensagem é óbvia: por mais velho que se seja, é sempre tempo para se ser cristão. S. Antão faz-se acompanhar de uma porca que ele teria permitido entrar na Casa de Deus, como que a dizer que todos são bem-vindos.

Do lado direito, uma leitura menos simpática e abonatória para o sexo feminino, já que a história de uma das santas (Santa Taís) narra a vida de uma prostituta egípcia que se converteu ao catolicismo, despojando-se para isso de todos os seus bens materiais. “Tantas histórias, quantas perguntas…”

O vento e o frio varriam o largo da Misericórdia, mais histórias ficarão para Novembro, numa outra tarde também ela à espera de perguntas e de mais palavras sobre histórias da História.

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