quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"A infância: um paraíso perdido?"

Sendo a parte mais importante e fundamental do desenvolvimento do ser humano, é também a parte que o constitui com base nos valores a que é exposto.
Considero que actualmente e, pelo menos em Portugal, as crianças têm uma infância menos saudável que a que eu tive (e esta, por sua vez, foi ainda menos que a da geração anterior). Os valores incutido pela televisão, videojogos e livros de hoje em dia fazem tudo parecer simples e atingível pelo carregar num botão, coisa que no futuro as crianças (já crescidas) aprendem das piores maneiras. A linguagem utilizada, por exemplo, é simplicíssima, sem uma única palavra que possa levar à adorável questão "Mãe, pai, o que quer dizer aquilo?". Os valores transmitidos são os de um mundo pacífico, existente apenas nos nossos sonhos e maravilhas, um mundo sem pobreza, com uma ligação extrema às pessoas que mais são faladas hoje em dia. As crianças parecem ficar com uma ideia de que "tudo é fácil, amanhã vou ser uma estrela rock", mas o que consta é que já nem o rock existe e o que existiu já não faz parte das vidas desta nova geração.
Em contrapartida, várias gerações anteriores à nossa perderam a infância, obrigadas a crescer e a lutar ou morrer para que outros vivessem vidas luxuosas sem as mínimas preocupações, intocáveis - toco no poema "O Menino da sua Mãe" de Fernando pessoa, cujo protagonista podia já nem ser um Menino, por assim dizer, mas um soldado e quando se é um soldado já nada interessa, idade, estatura, família, tudo acaba na carnificina.
A questão fica: o que é uma infância saudável? Se já alguém teve uma infância saudável, é-me desconhecido - cada geração tem os seus valores e a cultura nos dias de hoje parece-me ser secundária. Um paraíso perdido? Sempre foi. Sempre será.
Tiago Clariano 12º LH1

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