sexta-feira, 25 de setembro de 2009



Nunca calarão aquele que escreve pois a palavra dita pode também ser escrita. E tudo o que é escrito pode ser lido, comentado, criticado. É essa a supremacia da escrita para com a fala, é essa a sua magnificência, a de poder correr mais depressa que um discurso, estando presente mesmo num discurso.
A literatura silenciosa é a antítese pior formada que conheço. Nenhuma literatura é silenciosa, é, pelo contrário, um compromisso para quebrar o silêncio, é um juramento em como vamos quebrar o silêncio e a ignorância presente no mesmo, pelo simples facto de ler, pensar no que lemos e falar do mesmo.
O silêncio é a obstrução da comunicação. Ou pelo menos será até ao momento em que o rompemos, lendo, escrevendo ou falando. A escrita e leitura vieram como um pequeno raio de luz que ilumina os olhos e ouvidos de quem lê e de quem ouve ler. Ainda hoje tememos o silêncio, a obstrução de ter algo ou alguém com quem comunicar, livro ou pessoa, pois é com as pessoas que discutimos o que lemos ou ouvimos, passando a palavra a uma velocidade estonteante capaz de destruir o silêncio.
E rompemos o silêncio ao ler. Como? Dando ouvidos ao que nós próprios dizemos enquanto lemos e, ao final de cada frase, parágrafo ou capítulo ter a opção. A opção de continuar a ler com um fanatismo cego e lealdade ao livro. A de parar e pensar no que lemos. Ou a de parar, sendo esta um apoio à ignorância. Incorrecto será, portanto, largar um meio de comunicação para sempre, deixando de o ler sem saber o que quis realmente dizer.
E recuperando o ideal principal, a fala tem uma deficiência para com a escrita. Ao calarmo-nos rompemos a comunicação e engrandecemos o silêncio que traz a ignorância. A escrita por outro lado leva a um despejar de ideias que depois será lido e comentado por alguém, indubitavelmente.

TiagoFilipe
Terça, 22 Setembro, 2009

3 comentários:

Tiago Filipe disse...

não entendi foi o porquê da imagem

Tiago Filipe disse...

Agradeço o terem colocado aqui o texto, mas não entendi bem porque é que a imagem foi escolhida. desejo a todos um bom ano de aulas.

(caso apareçam dois comentários por aceitar, eu carreguei antes do tempo em enviar há bocado, não sei se chegou a enviar)

Biblio Faria disse...

Em resposta à tua questão: a imagem escolhida relaciona-se com o assunto da censura (ao acto de escrita), referido no teu texto.

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