sexta-feira, 25 de setembro de 2009


- Papá, o que é escrever? - perguntou-me o meu pequeno rebento de quatro anitos, cabelo desalinhado e olhos verdes.
Observara-me a tentar acabar o meu romance histórico. O Sol entrava pela janela, reflectindo os seus raios na mesa, na jarra de flores e no Manuelinho. Tomei-o no meu colo e disse-lhe:
- Escrever, meu filho, é uma arte que parte de nós. Os teus professores ensinar-te-ão a ler e a juntar letras e sílabas de maneira a fazeres frases. Mas a escrita parte de ti. És tu que a aprendes sozinho. E quando souberes escrever, escreverás todos os dias. Não só recados, cartas, mensagens ou a matéria do quadro. Escreverás quando quiseres, quando tiveres necessidade disso. Escreverás muito ou pouco, coisas boas ou más, com qualidade ou não e com ou sem sentimentalidade. Escreverás quando estiveres muito feliz ou muito triste, quando estiveres zangado ou contente. Escreverás para os outros ou para ti próprio. A escrita é uma arte que vais amando cada vez mais ao longo da tua vida.
- Então é por isso que escreves papá? Porque amas escrever?
- Sim. Bem me vês escrever todos os dias, horas e horas a fio. Para além de ser um prazer, é o meu trabalho.
- E porque é que as pessoas lêem papá?
- Lêem pelas mesmas razões por que escrevem: porque é bom, faz bem, as pessoas ficam informadas. Também se lê por prazer e por gosto.
- Papá, gostas mais de escrever do que de mim e da mamã?
- É claro que não, - agarrei-lhe o rosto com ambas as mãos e olhei-os nos profundos olhinhos inocentes - amo-vos acima de tudo, da escrita e até da minha própria vida. Tu e a tua mãe são a razão da minha existência.
Ele abraçou-me e exclamou muito alto, dando de seguida um saltinho do meu colo para o chão:
- Obrigada pela explicação papá! Quando souber escrever, escreverei uma história sobre um menino com uma mãe querida e com um pai escritor. Amo-te papá!
Vi-o sair do escritório, aos pulinhos, como se lhe tivesse contado o mais precioso e maravilhoso segredo do mundo…

Carolina Pena 10ºLH1 nº8



Nunca calarão aquele que escreve pois a palavra dita pode também ser escrita. E tudo o que é escrito pode ser lido, comentado, criticado. É essa a supremacia da escrita para com a fala, é essa a sua magnificência, a de poder correr mais depressa que um discurso, estando presente mesmo num discurso.
A literatura silenciosa é a antítese pior formada que conheço. Nenhuma literatura é silenciosa, é, pelo contrário, um compromisso para quebrar o silêncio, é um juramento em como vamos quebrar o silêncio e a ignorância presente no mesmo, pelo simples facto de ler, pensar no que lemos e falar do mesmo.
O silêncio é a obstrução da comunicação. Ou pelo menos será até ao momento em que o rompemos, lendo, escrevendo ou falando. A escrita e leitura vieram como um pequeno raio de luz que ilumina os olhos e ouvidos de quem lê e de quem ouve ler. Ainda hoje tememos o silêncio, a obstrução de ter algo ou alguém com quem comunicar, livro ou pessoa, pois é com as pessoas que discutimos o que lemos ou ouvimos, passando a palavra a uma velocidade estonteante capaz de destruir o silêncio.
E rompemos o silêncio ao ler. Como? Dando ouvidos ao que nós próprios dizemos enquanto lemos e, ao final de cada frase, parágrafo ou capítulo ter a opção. A opção de continuar a ler com um fanatismo cego e lealdade ao livro. A de parar e pensar no que lemos. Ou a de parar, sendo esta um apoio à ignorância. Incorrecto será, portanto, largar um meio de comunicação para sempre, deixando de o ler sem saber o que quis realmente dizer.
E recuperando o ideal principal, a fala tem uma deficiência para com a escrita. Ao calarmo-nos rompemos a comunicação e engrandecemos o silêncio que traz a ignorância. A escrita por outro lado leva a um despejar de ideias que depois será lido e comentado por alguém, indubitavelmente.

TiagoFilipe
Terça, 22 Setembro, 2009

Retrato de uma pessoa especial


Porque há sempre pessoas especiais na nossa vida, convém dedicar-lhes aqui algumas palavras. Eis as palavras igualmente especiais de uma aluna de 10º an0 (CT2), Carolina Peixe:

Retrato de uma pessoa especial



Pelas nossas vidas passam vários tipos de pessoas, as que passam e não nos deixam nada; as que passam, marcam e essa marca é esquecida e aquelas que marcam para sempre. É a essas que chamo de pessoas especiais! Podia aqui falar de muitas delas, mas quero falar de uma em especial…

Sabe ouvir, sabe ajudar quando os problemas parecem não querer acabar. Sabe aconselhar, dizer o que está certo quando está certo. Sabe acalmar, respeitar,ser sincero. Não sabe ser falso, não conhece as palavras “mentir” e “enganar”. Tem um olhar am oroso, que consegue ser calmo em qualquer momento; tem um sorriso que sabe secar lágrimas e fazer sorrir. É amigo, amigo como muitas pessoas já não sabem ser. Amigo sincero, verdadeiro. Com ele pode-se fazer tudo, mas sei que gosta principalmente de desporto e música.

Para mim foi um tesouro que encontrei e não posso perder.


Prémio Camões 2023

Professor Universitário, ensaísta e tradutor,  João Barrento   é o vencedor da 35.ª edição do Prémio Camões, pelo conjunto da obra. De aco...